[…] que cada modo de sermos é parte de nosso Self fracionado. Isso é tão importante que gostaria de reformular outra vez: Nós somos como temos que ser: pessoas fracionadas, pessoas divididas em pedaços e peças. Não tem sentido analisar esses pedaços e peças e cortá-los mais ainda.
O que queremos fazer em Gestalt Terapia é integrar todos esses pedaços e partes rejeitadas e alienadas do Self e fazer da pessoa um todo novamente.
A pessoa como um todo é a pessoa que funciona bem, que pode confiar em seus próprios recursos e pode assumir o seu crescimento.
Laura Perls
A Gestalt-terapia, às vezes chamada de Gestalt, é uma abordagem terapêutica, um corpo de conceitos e uma ética que promove mudanças pessoais, psicossociais e/ou organizacionais.
Ela é desenvolvida por Fritz Perls, psiquiatra e psicoterapeuta, e sua esposa Laura Perls, doutora em Psicologia. Temendo as perseguições anti-semitas, emigraram em 1933 da Alemanha para Holanda, depois para a África do Sul, onde escreveram em 1942 seu primeiro livro Ego, Fome e Agressão, no qual propõem uma revisão da teoria freudiana, enfatizando a necessidade da agressividade saudável. Ainda como psicanalista Fritz, de fato, inicia com este trabalho uma profunda ruptura coma psicanálise ortodoxa de sua época.
A Gestalt-terapia tomou forma quando o casal Perls, chega aos Estados Unidos, quando conheceram o escrito Paul Goodman e um círculo de pensadores, incluindo Paul Weisz e Isadore From. Juntos, eles constroem uma teoria e o método resultante. A obra seminal, intitulada de Gestalt-terapia foi publicada em 1952 em Nova York. Anos mais tarde, Fritz Perls, muda-se para Califórnia onde se torna um psicoterapeuta bem conhecido e renomado, tendo bastante destaque na mídia.
Desde então, a Gestalt-terapia se desenvolve amplamente nos Estados Unidos como uma corrente da Psicologia Existencial-Humanista. Chega ao Brasil na década de 70 por influência da Thérèse Tellegen.
Inserido na corrente da psicologia humanista, existencial e relacional, pretende desenvolver autonomia, responsabilidade e criatividade. A Gestalt-terapia não limita o ser humano a uma visão individualista, mas se interessa pelas interações do indivíduo com seus ambientes, sejam pessoais, profissionais ou sociais.
Ela tem uma visão holística do Homem e promove um diálogo constante entre pensamentos, emoções e sensações corporais.
Hoje existem várias tendências resultantes de trabalhos de pesquisa e práticas da Gestalt-terapia. Alguns enfatizam a fenomenologia, a filosofia, o existencialismo, a dimensão corporal e sua dinâmica. Outros fazem pontes entre a psicanálise e a teoria da Gestalt-terapia.
Como é uma sessão de Gestalt-terapia?
As sessões podem acontecer de forma presencial ou online, onde terapeuta e cliente conversam entre si. O terapeuta, geralmente, fica mais numa posição de escuta e o cliente tem o tempo totalmente disponível para falar e abordar o assunto que quiser.
A primeira vez que uma pessoa vem para um encontro, o Gestalt-terapeuta explora o porquê da pessoa tê-lo procurado, esclarecendo dúvidas e respondendo eventuais perguntas a respeito do funcionamento da psicoterapia. Em seguida, estabelece o arcabouço da relação terapêutica: ritmo e duração das sessões, preço, modalidade de atendimento (presencial ou online), condutas e modalidades de término da psicoterapia. Todas essas informações são fornecidas ao paciente durante a primeira sessão. Se o terapeuta e a pessoa estiverem de acordo, o trabalho terapêutico pode, enfim, começar.
Independente do assunto ou motivo que traz à pessoa ao nosso consultório, ela é acolhida como é, com suas fragilidades e inseguranças sem julgamento ou referência a um modelo de comportamento. O Gestalt-terapeuta convida o paciente a expressar tudo o que está presente e consciente para ele: o que ocupa seus pensamentos, suas preocupações, seus humores, suas intuições, sentimentos, sensações, sonhos, experiências felizes e agradáveis, satisfações sentidas, ou uma situação: trabalho, família, um filme que tenha visto… Tudo serve de base de trabalho para o terapeuta que ajudará o paciente a tomar consciência das diferentes facetas de sua experiência, a colocar em movimento suas representações, para gradualmente reconhecer e acolher suas sensações e emoções, para identificar sua “necessidade ou aspiração atual”, então encontrar novas formas de interação com o seu ambiente.
À medida que o trabalho terapêutico avança, o paciente toma consciência de que, ao mobilizar seus recursos, goza de maior liberdade e autonomia nas escolhas de vida.